blog caliente.

15.1.06

O jogo das verdades

Não jogámos nada. O Sporting é de segunda divisão, tal como está. Mas ganhámos, pronto, é futebol. É só a bola.

Não somos um povo; somos uma espécie de baixo clero em ânsias de clausura monástica numa casa de putas em que se escute fado. E faltarão sempre putas e fadistas, por muitas putas e fadistas que aí haja, já.
Somos uma espécie de sopa de nabos, dependendo sempre do tempero. Sopa de nabos sem tempero é só sopa de nabos, sabe a nabos em água, sabe a ... que vamos jantar?

Não temos um presidente da república. Também não temos um rei, se fosse o caso de termos de o ter. Temos, como "quase rei se fosse o caso", um regente agrícola delicado. Pelos vistos, não teremos um presidente da república, conforme não teremos um rei. É assim.

Nunca pensei que uma das pessoas mais sopeiras de que eu já ouvi falar, de seu nome Aníbal Cavaco Silva, mas eu juro que nem sequer é pelo nome, pudesse vir a ser presidente do meu país. Nunca pensei. Pensei sempre que tudo se trataria duma brincadeira de mau gosto, que ele desistiria, que nós o desistiríamos. Não faz sentido termos um tipo assim como símbolo. Pode viver, que viva em paz, mas como símbolo vivo do nosso país, não, nunca pensei.

Eu já aturei quase tudo, acho que me falta só isto: um zezinho a mandar e um anible a presidir à mandadura. Eu encerro para obras.

Não encerro nada. Fico aqui a ver como se elege um catedrático parolo. Se vierem aí tempos de mais escutas, de mais medo, tempos de mais restrições escolhidas "a dedo" (olá zezinho, sim, que você tem dedo), eu tenho medo e tenho tudo isso que um homem simples tem. Podem fazer-me mal, que sou só um e contra mim serão sempre muitos. Mas digo isto: Cavaco Silva é um dos homens mais mal talhados que eu já vi na minha vida inteira e Sócrates é outro igual, em melhorado, porque tende a mentir (veja-se campanha eleitoral) em lugar de estar calado. Em melhorado? Eu devo estar doente...

(risos na plateia e, no balcão, pateada)

Sócrates, tu, que não me lês, que tens melhor(?) para ler: limpa as mãos à parede. Entre as orelhas tens pouca coisa que eu respeite, excepto essa despudorada falta de vergonha, que, de tão imensa, chega a merecer um respeitoso espanto.

Eu hei-de ir preso um dia, às tantas. A minha sina é ir preso, agarrado por canalhas e a pedir a minha Mãe. Vão ver.

Vou votar Manuel Alegre, nem que seja a última coisa que faço antes de ver o filho catedrático do gasolineiro, o homem que nem sequer é capaz de dizer "de que livro gostou mais, senhor?", como presidente da república. Eu sei que a monarquia depende sempre de como se faz um filho, se aquilo sair mal temos um rei cretino, mas pensei que as taras, na república, não viessem assim à baila, tão ao de cima, tão premiadas, como se isto fosse um concurso de fadunchice dos Câmara-Pacheco.

É vergonhoso. Paciência. Siga a marinha.
Vai ser assim, goste eu ou não? Perfeitamente, que seja: não gosto, na mesma. Cavaco representa quase tudo aquilo que eu gostava de ver num aterro sanitário, com qualquer coisa por cima que o escondesse de mim, que o sepultasse de mim, que me fizesse esquecê-lo por profundo soterramento.
Os portugueses querem-no? Que se fodam, então, os portugueses, miseráveis guerreiros de bandeirinha pequena.

Já disse. Não apago. Esta não apago. (Mas aligeirei um bocadinho, teve de ser).

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