Não falo. OK, falo, mas pouco.
A gente habitua-se a procurar reacções (há-de ser por longa habituação dos apontamentos de reportagem das estações televisivas, onde nunca falta um repórter caloiro a procurar reacções), enfim, ninguém é santo e, por isso, visitei o Pulo do Lobo umas duas ou três vezes, entre ontem e hoje, à procura delas, das reacções, a ver se encontrava alguma coisa de inteligente, redentor ou, simplesmente, disciplinado que viesse mostrar a outra luz a forma como Cavaco Silva ontem se espalhou ao comprido perante a Judite.Em vão. Não há lá nada, para além de uns escritozitos pseudo-sobranceiros sobre os super-mários e um outro de um apoiante (notável, suponho) que acha que a entrevista correu muito bem, não se sabe muito bem porquê porque ele também não explica, porque não há-de saber ao certo nem sequer ele alcança ciência do que há-de dizer, optando, por isso, por um textinho pequeno e "simplicíssimo", ao qual disfarça o imenso vazio fazendo de conta que o textinho é eidético e que diz muito mais do que o que aparenta.
Se existisse um dia do juízo (nem era preciso que fosse final) para todos os portugueses das letras, das artes e das ciências que, sendo de direita, apoiam este incontornável erro de casting chamado Aníbal, seria bonito vê-los a explicar se o apoiam porque ele é o candidato da direita (com o que renegariam a sua condição de pensadores) ou porque Cavaco Silva é uma referência do pensamento político contemporâneo. Mas, enfim, ainda que não exista esse dia do juízo, sempre vamos tendo o supremo gozo de nos deleitarmos com la crème de la crème da cultura e da ciência nacional a torcer-se toda para conseguir escrever, sem se rir, sobre um insólito presidente da República: Professor Cavaco, o homo politicus amadoris.
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