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14.11.05

Valha-me Deus

Há, no mundo, coisas muito trágicas. Uma delas é haver um homem que, na simples tentativa (ainda por cima preparada, ensaiada) de explicar a quem o escuta e, potencialmente, o elegerá, "por que é que quer ser ele e por que é que acha que deve ser ele", acaba por deixar bem claro, duma forma confrangedora, por que é que não deve querer ser, nem (sobretudo) deve ser.

Perante tão pobre prestação de Cavaco Silva, diante duma jornalista que se limitou a não adoptar uma atitude reverente - o que bastou para evidenciar a aridez e os paradoxos que, ao mesmo tempo, balizam e preenchem os chavões do professor -, antes o confrontando com as óbvias dissonâncias entre a sua personalidade (e o seu trajecto) e a "consensualidade construtiva e, ao mesmo tempo, indicadora" que ele preferiria ser capaz de mostrar (embora não a tendo), perante tão demonstrativa manifestação de inapetência, eu sorrio, apenas. Ele foi ali, basicamente, dizer que é honesto e que sabe do mundo. Ele foi ali dizer dois dogmas! Ele falou e disse isto: " reparai que eu podia ser o Zézé Camarinha, tivésseis vós mais fé e eu menos vergonha!".

Votem nele. Levem-no ao colo, se quiserem. Digam dele as maravilhas que nem ele próprio acredita ser, ponham-no no altar da vossa teimosa e infundada idolatria. Elejam-no e vão buzinar, depois, nas carripanas, que acabaram de guindar Sancho Pança ao lombo do Rocinante, grande feito! Adoptai como hino da campanha o "Acreditai!", a sério, é importante.

O homem não serve. Pode servir para outras coisas, admito, hei-de ver se me lembro de alguma, também não pode ser tudo duma vez. Agora para isto que cismou agora, ou que cismaram por ele, francamente, não.

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