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19.11.05

Mais uma coisa que a minha Mãe não pode ler

Mário Soares, entusiasmado, usou a expressão que (a seguir a vivó Benfica!) mais me faria desligar-lhe o voto, se lho tivesse ligado ainda: quer, agora, "que Portugal vá pá frente". Disse-o na Covilhã, que é uma terra quase vazia, mas vale na mesma.
Ninguém explica a esta gente que Portugal está muito bem onde está? Não? Então está bem, andai lá com a vossa vida, provoca-me o efeito duma brisa, isso.

Jerónimo de Sousa, pelo seu lado, teme que, com Cavaco, Sócrates tenda para governar à direita. Isto é comovente e daria um livro, daria mesmo um filme, se Cunhal fosse vivo: exactamente, o excelente "Ainda mais, camarada?".

É claro que Portugal atravessa dificuldades. E, reparem, está quietinho no seu sítio. Imaginem-no agora a ir para a frente, a fazer-se ao "grande mar da economia", a pagar salários iguais aos da República Checa ou da Eslovénia, já nem falo da China, esse grande povo que cozinha fritos para fora. Atravessaria Adamastores mesmo no Báltico, mesmo no Mar Morto, que é aquela merda líquida e cheia de sal que a Terra ainda suporta porque ninguém se lembrou de transformar aquilo num imenso SPA para gordas e fanados.

Há gente que gosta da sua História mas que, quando lhe falta o pilim para jantar fora, nem que seja numa churrasqueira, a partir do dia dezassete dum mês qualquer, começa a querer reescrever os Lusíadas à sua maneira.
E há sempre gente de bem (é consigo, Dr. Mário Soares) que anda à babugem. A ver se lhe apanha, a essa gente, o discurso e o voto. Nunca apanha. O senhor devia saber mais do que isso. É um discurso que provém da fome mais parva que há, sabe? Quem quer essa hipotética "ida pá frente de Portugal", o que quer, é mais salsichas. É gente que tem aquela imensa fome de consumir, aquela coisa sem jeito, tipo gripe das galinhas, que se fomenta por cá para justificar que se explore gente na China, e por aí, nesses países grandes e amarelos em que a economia cresce muito, imaginando que Portugal cresce muito e vai pá frente se for igual e, ainda por cima, sem ficar amarelo. Fica-se sempre um bocadinho amarelo. Não sabiam?

Levem Portugal para onde quiserem, mas se for para a frente permitam-me que coloque os pés no fundo enquanto os senhores remam. Que não remam, cansa muito. Gostavam era de me convencer a remar a mim, não era(?), pois era, os senhores ao leme, cada ferrinho sete mãos, e um lá em cima, na cestinha das vistas... pois. Mas não, eu vou agora noutro barco.

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