Fígado
Viu-se, à noite. De facto, viu-se. Viu-se o que já se andava a ver, de facto. Embora "resminés". Mas viu-se.
No entanto, a água continua igual, da mesma cor. Está mais fria, apenas. Meti lá a mão e vi que está mais fria. Um bocadinho. Fui desligar o filtro, os motores. Estava no verde, aquela coisa pequena e redonda, como sempre. Temos algum cuidado com as coisas, sempre que podemos.
Passaram por aqui e buzinaram-me. Nunca o tinham feito. Pobres tontos, pobres de pedir, sobranceiros fracos em andrajos ricos, sobre rodas.
A rua é lá fora, façam o favor de circular em paz. Andor.
Fui pôr "Os miseráveis". Relampejei, vezes sem conta, o "À la volonté du peuple". Deixei de escutar a paneleiragem de "claxons" provocadores, tenho boas colunas, coluna direita. Ainda.
A minha casa conta, só, do portão para dentro. E abro-o sempre a quem me toca à campaínha, desde que lhe apeteça ouvir o que eu escuto. Ou que me faça apetecer escutar coisas diferentes, falar comigo ajudou sempre ao meu escutar.
São condições de quem escolhe antes, mesmo escolher isto. E eu, digam o que disserem, escolhi isto antes, muito antes.
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