temperança, bonomia, insipidez (?): os pobres e a auto-regulação
O título é longo mas o post vai ser curto. Isto vos prometo, ainda antes mesmo de saber como o vou acabar.À pergunta "porque é que há pobres" podem dar-se muitas respostas. Mas convém começar uma explicação elaborada sobre qualquer dos males que afligem o mundo com uma explicação simples sobre os males que afligem o Homem. Daqui, parte-se para um de dois caminhos:
Caminho a): o Homem é bom e perfeito, era assim no princípio até que apareceu um sacana qualquer que disse "isto é meu" ou (o que dá no mesmo) "aqui quem manda sou eu". A partir daí a sociedade dividiu-se em classes, passaram a haver ricos e pobres, exploradores e explorados, e começou a exploração do homem pelo homem. A humanidade há-de, no entanto, reencaminhar-se para a sua pureza primitiva e, expurgados os contaminadores e reeducadas as massas, todos seremos felizes, segundo o postulado "de cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo a sua necessidade".
É um lindo caminho. O problema é que os sacanas podem voltar a aparecer (sabe-se lá de onde) pelo que o "expurgo" e a "reeducação" não oferecem garantias e podem na verdade eternizar-se.
Caminho b): O Homem é inerentemente mau e imperfeito, pata mais omnívoro e predador, e foi-o desde sempre. A sorte que globalmente tem - porque excluídos e marginais são tão próprios das sociedades humanas como o ar que respiram - é que se a coisa der muito para o torto, dá-se uma borrasca, dá-se uma limpeza e reorganizam-se as coisas (até à borrasca seguinte). A igualdade não existe, os sérios são-no porque nunca quiseram ou precisaram de roubar, os pacíficos são-no porque nunca quiseram ou precisaram de matar. Quem tem unhas toca guitarra. Quem não tem ... azar. Tivesse.
É um caminho cruento, que se diria desumano não fôra os seus defensores dizerem que humana é justamente a sua natureza. E dizerem ainda que todos os outros, por serem apoiados em falsos mitos e vãs esperanças na natureza humana, acabam na hipocrisia e num mal ainda maior do que aquele que pretendiam evitar.
É claro que há caminhos um bocadinho diferentes, menos coerentes quiçá, tentando juntar o melhor de dois mundos talvez. Ou recorrendo, na busca do que seja verdade sobre a natureza humana, a fidelidades de ordem espiritual, maxime religiosa. Mas a verdade permanece. Há pobres.
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