A campanha junto ao templo do consumo
Na famosa rotunda dos Produtos Estrela (a cidade do Porto orgulha-se de ser a percursora nacional da actual moda das rotundas em tudo o que é capital de distrito, de concelho ou de freguesia), cujo nome toponímico é bem menos apetitoso (Rotunda da AIP), há um espaço onde, por altura do Natal, se vendem pinheiros e azevinho e, na época balnear, se vendem cadeiras de praia e tapa-ventos. Fora desses períodos sazonais, esse mesmo espaço tem vindo a ser ocupado, não com menos utilidade, pelos protagonistas daquele debate da semana passada onde se discutiu a respectiva capacidade geradora e, com ela, o respectivo grau legitimidade para discutir o aborto (pequeno aparte: duvido muito que Paulo Portas tenha ido à tropa; como pode ele ser ministro da Defesa? Louçã, tu já pensaste nisto?)Dizia eu: Paulo Portas e Francisco Louçã estão, ali, lado a lado, em dois gigantescos outdoors. Quem vem da Boavista e acorre ao Norteshopping não os pode falhar; os dois olham-nos de frente, confiantes e metediços. O que é espantoso e verdadeiramente inovador é o olhar angélico de Paulo Portas. Não apenas o olhar, aliás: o leve sorriso, também. Como uma espécie de ícone da bonomia. Por seu lado, Louçã olha confiante, como quem sabe o segredo da virtude e está apenas à espera que lhe perguntem qual é. Na verdade, o olhar de Louçã no outdoor mostra bastante menos emoção do que o de Portas. Mas, reconheço, é difícil falar em evasão fiscal sem ostentar um olhar de xerife.
Mais tarde, se me lembrar, eu ponho aqui uma foto que ilustra o olhar do Portas. O inesquecível olhar do Portas.
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