blog caliente.

19.9.04

Uma grande e expressiva vírgula

O Expresso diz mais coisas, embora em letras pequeninas, no canto direito duma página. Diz que os profissionais liberais licenciados (advogados, farmacêuticos, arquitectos, engenheiros, médicos dentistas) passam dificuldades. Pelos vistos, os médicos dentistas ainda escapam, conseguem comprar Fiats Uno a prestações, parece que juram ganhar, em média, 250 contos por mês. Preocupam-me, sobretudo, os farmacêuticos: nem 200 contitos mensais arrecadam. Deviam ter benesses suplementares. Eu até desafiava o Jorge a comentar isto, mas pronto, estou assim bonómico e não quero que o homem me acuse outra vez daquela coisa dos genéricos só porque vive no limiar da pobreza...

A Lolita está fora destas coisas. Pagam-lhe bem, mas ela também desconta bem... diz ela! E o que ela diz escreve-se, até porque ela o vai escrevendo. Polémica interna? Talvez. É proibido? Há uma coligação no poder que vive para isso, para guerrilhas intestinas e, ao contrário deste blogue, que há-de chegar aos 100 anos (a menos que a PT passe a cobrar à posta), vai morrer disso! A autofagia não mora aqui, afinal. É mais ao lado.

O alonso... hum... não sei, ele não tem aparecido desde que admitiu que, no fundo, aborta discussões... desculpem, ele admitiu isso, à sua maneira. Mas pode sempre tentar explicar como é que os advogados, em média, afirmam ganhar menos de 8oo euros por mês. Não deve ser difícil de justificar, eu sei que ele janta sempre sandes de manteiga, sempre que janta.

Bom. Isto anda difícil. Toda a gente percebeu onde paira o problema, excepto os "tipos das contas". Isso mesmo, os gestores e os economistas, que são os tipos que não aranjaram nota secundária para entrar em direito, engenharia, ou medicina. Ou em educação física, isso é bom, gosto disso. Ou então em letras, tout-court. Letras é bom, também, ao menos não fazem contas e, desde que não me chateiem com raciocínios circulares, tipo "vamos agora fazer contas às letras", que andem para aí contentes. À vontade. As gajas de Letras eram, numa percentagem populacional superior a 7%, bastante boas.

No inimigo público (não, não é ao filho ministro da senhora dona Sacadura que me refiro, esse é um autodidacta da eutanásia, vai ser limpinho, de sujo que está) podia ler-se, ontem, que houve um imbecil qualquer que se atreveu a entrar em medicina com menos de dezoito valores. Está muito mal. Menos de dezoito, devia implicar jornalismo, profissões ligadas à comunicação, à publicidade, à gestão, ao cantochão, e assim. E obrigar a contas, muitas contas à vida, implicar o ostracismo, as galés, a própria morte. É que há castigos que redimem, sabiam?

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