Conflitos
Quando sugeri ao Alonso que fosse ler a Rua da Judiaria não pretendi defender os judeus contra os palestinianos; nem o inverso. Aliás, nem sequer conheço a questão com a profundidade necessária para tomar partido, se é que tomar partido, neste caso, faria algum sentido. O artigo de Amos Oz reequilibra toda a questão, dispensando generalizações desnecessárias sobre a paz urgente e colocando-a no ponto exacto de concretização: ambos os líderes - Sharon e Arafat - estimulam o ódio, alimentam a guerra e perpetuam o conflito. Inevitavelmente, há-de existir um número significativo de fundamentalistas de entre judeus e palestinianos que não precisaram das demagogias, hoje tão longínquas dos princípios (por discutíveis que sejam), proferidas por Sharon e por Arafat, para manter os seus ódios acesos. Mas acredito que existam judeus e palestinianos que sintam uma imensa vontade de ter paz a qualquer custo, depois de tanta barbárie. O terror e os crimes cometidos e/ou sancionados por uma comunidade deixam marcas profundas de culpa na sua alma colectiva, mesmo para aqueles que, não colaborando, permitiram que tudo sucedesse assim. Serão precisos séculos para curar as feridas. E isso é triste, humanamente triste e, seguramente, já é irremediável.
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