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7.3.04

Teias de aranha

A humildade não se ostenta, porque se lhe contrapõe. Quem apregoa bondade e simpatia pelo sofrimento alheio, do alto de uma existência confortável construída com base num estatuto social facilitador desse conforto, faz pura e pequena caridadezinha. Daí, parte-se para o discurso intrinsecamente feminino, o discurso da igualdade, da aproximação, da recusa da discriminação, sem sequer se perceber que quanto mais se complica e se estimula esse discurso mais se acentua a discriminação e mais ela permanece. A questão do aborto nada tem a ver com feminismo. Proíbam-se as feministas de reivindicarem a defesa (ou a condenação) dos direitos das mulheres que praticam o aborto. Proíbam-se, também, as mulheres de boas famílias de mostrarem compaixão pelas mulheres que, distantes de si, praticam o aborto. E também os homens, bolas, os homens que pensem assim. É de respeito que se trata, não de decisões de condenação ou de absolvição. De respeito pela consciência dos outros. Das outras, neste caso, mas por mera imposição biológica.

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