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30.3.04

O concurso do Malato

O Malato tem peculiaridades engraçadas. Começando pela pêra estilizada. Aquilo demora a desfazer, ou a fazer. Ser vagamente parecido com o Fernando Pereira, em mais gordo e (pouco) mais esperto, não devia passar por exercícios de gillette, mas passa. "Deixa ver, mais uma rapadela deste lado... agora deste... que horas são? Estou bem? Não? Puta! Vou cantar também, nesse caso, com voz de capado!".

O Malato é o forçado protagonista do concurso que apresenta. O apresentador de concursos que, mais assumidamente, cuida ser, ele próprio, o concurso que apresenta. Nem Carlos Cruz era assim tão presumido, embora valesse, em concursos, cento e dezassete Malatos.
O apresentador de concursos que mais apetece espancar é o Malato. Já escrevi ao Mel Gibson a tentar persuadi-lo doutras paixões. Parece que é ele, o Malato, que está ali a concorrer. Exercita-se no confronto com os concorrentes mais brilhantes (ainda hoje, com o puto que anda a estudar cinema, tentou "trilhá-lo"... e conseguiu). Ah! Eu defino: concorrentes mais brilhantes não são os que sabem mais coisas, são aqueles em que os olhos brilham mais, e este de hoje era desses. Um Jorge, puto, estudante de cinema. Aqui há uns dias houve outro, um que sorria só com a boca, de olhos espertos e gélidos, um Janes, ou assim. Que se percebeu que teve vontade de espancar o Malato, logo ali. E podia fazê-lo, a balofice rebola bastante, em sendo pontapeada convenientemente.

O Malato é o tipo de gajo que apetece, desinteressadamente, espancar. Os olhos dele, às vezes, brilham, lampejam. Mas a gente sabe que isso se pode fazer sem centelha genuína, sem vir de dentro, pode fazer-se porque os olhos são órgãos parcialmente voluntários. Sim, que os olhos são uma espécie de bombeiros da alma, sem remuneração. Eu despedia os olhos do Malato da corporação a que pertencem: a da arte bovina de fazer de conta que se é inteligentemente plácido. Ele não é nada disto, nada de gados opulentos, ele é apenas um frango gordo a querer capoeira maior para melhor se refastelar na sua redundância de garnizé gorducho. No limite, é um boi-galinha, um mú-mú-cócórócó.

Quem nasceu para Malato não chega a Jorge Gabriel. Não é racional, isto. É uma opinião serena e assumidamente inútil. A minha. Se fosse racional eu estava quase sempre caladinho. E não estou.

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