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26.3.04

Eça e Camilo

Falar de Saramago sem falar destes dois é como esquecer o vinagrete no bacalhau da ceia de Natal.
São expoentes. Que palavrão, senhores! Expoentes! Parece que estamos a falar de potências! Que os homens e mulheres de letras me perdoem esta reminiscência matemática, a ciência mais exacta e acessível do mundo, porque "está lá tudo, é só aquilo, e é aquilo que é".
Eça disse, de Camilo, que era o homem que mais palavras conhecia do dicionário. De Eça, vociferou Camilo que tinha vocabulário limitado. Entre outras coisas.
Porém, usando menos palavras, Eça brincou melhor com elas. Um parágrafo de Eça é uma torrente fresca de verbo saltitante. Uma simples frase de Camilo tem mais peso que um dicionário de sinónimos.
No entanto, ambos foram grandiosos. Gosta-se mais de um ou de outro com a mesma legitimidade com que se preferem calças "Lee" às de "terilene".

Maria Filomena Mónica, que não conheço senão de saber quem é (e, por isso mesmo, nada nos devemos de suspeito), escreveu uma excelente biografia de Eça. Já tem mais de um ano. Recomendo e empresto, logo que a Lolita ma devolva.

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