O problema da ultrapassagem (epílogo)
Deixo apenas uma questão. Não, nem sequer vou falar na apetência quase magnética que cada elemento destes cortejos de tristes seres rolantes sente pelo indivíduo da frente. Apetência alarve que os faz seguir assim, coladinhos, numa triste carneiragem de empata-fodas. Eu conheço o meu povo, nem vale a pena pensar mais nisso.Não, o que me apetece perguntar é isto: acreditam no azar? É que o resto do meu dia foi um prolongamento piorado desta bizarria.
Nem a vitória do meu Sporting (que voltou a jogar mal) me alegrou.
Há dias que começam mal e continuam "mais ou menos". E há gente que afirma que "sendo assim, menos mal".
O meu dia saiu-me todo ao contrário, nem sequer foi "mais ou menos". E mesmo que fosse. A gente, quando cresce, aprende que "mais ou menos" é apenas um rascunho de "muito bem". Querer o "mais ou menos" é ficarmos contentinhos com "males menores", é desistir dos "bens". E duvidar dos "grandes bens", que a gente sente que estão aí, perto de nós, sempre sujeitos a não se cumprirem por azar. Sem que tenhamos a culpa, mas não deixando de a ter porque, se calhar, não exaurimos a força toda para torcer um destino que não há, nem tem de haver. E temos de o torcer, às vezes, mesmo atraiçoando o código da estrada e as filas de mémés que nos vão pastando a calma.
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