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29.1.04

Meta-críticas

Não me apercebi de nenhuma atitude jornalística que ultrapassasse a medida esperada (e a medida esperada é sempre excessiva) no que respeita às hipóteses de culpabilização quanto à morte do Fehér. Também não me apercebi de qualquer excesso de morbidez na reacção pública a um acontecimento que consistiu, claramente, numa tragédia. Uma morte é sempre uma tragédia e uma tragédia é, por essência, impressionante, mesmo que seja apenas para muito poucos. Esta foi uma tragédia mediática e portanto impressionou muitos. Impressionantes são, igualmente (embora não trágicas...), as tentativas de distanciamento intelectualizante que li em alguns blogues que enveredaram, nuns casos, pela crítica aos críticos e, noutros, pelos ensaios de pseudo-racionalização dos comportamentos alegadamente demasiado consternados. Para mim, todos tão inúteis como inoportunos. Alguns, até, por antecipação, precipitando-se a expor censuras sobre futuros-condicionais desenvolvimentos torpes e manipuladores das explicações jornalísticas, políticas, futebolísticas ou populares sobre o sucedido. Não sei se tudo isto será algo de perturbantemente obsessivo ou se, afinal, tudo não passa de mera diletância. Espero, contudo, que todos - críticos e meta-críticos - tenham noção de que a relativização de uma qualquer análise é uma evidência incontornável quando se analisa em cima do acontecimento. Sem qualquer relevância, quando, no futuro, a história contar esta estória. A não ser, talvez, do ponto de vista sociológico, onde todos os comportamentos - emotivos e racionais - se confundem e entrecruzam.

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