blog caliente.

25.1.04

Sem rigor

Ao mesmo tempo que tem vindo a exacerbar a sua veia emotiva, o MST tem perdido o tino, digamos, lógico-racional. Na sexta feira passada, a próposito da condenação em multa dos putativamente doentes alunos do 12º ano em Guimarães, escreveu, no Público, isto:

De um ponto de vista estritamente jurídico, podemos aceitar a solução proposta (afinal de contas, fazer batota nos exames não é assim um crime tão grave...). Mas de um ponto de vista ético, de uma perspectiva de regras de vida em sociedade, daquilo que reflecte os valores correntes de uma colectividade, esta decisão judicial é gravíssima (...)

O MST, que se revolta, com a tal veia emotiva exacerbada (às vezes tão exacerbada que se fosse mulher já lhe teriam chamado histérica) contra a impunidade estruturante da sociedade portuguesa, defende, também, a existência de dois níveis da moral: a moral do Direito e a moral social. Ao que lhe parece, fazer batota nos exames não é, numa perspectiva jurídica, um crime grave. Do ponto de vista ético, já será... Eu é que não sabia que havia dois pontos de vista diferentes, duas morais divergentes e, portanto, duas soluções diferentes. Nem que o Direito e a Ética são conceitos autónomos. Tinha como certo que o Direito servisse a ética e que através dela servisse a regulação social. O que MST defende será, então, uma de duas coisas: que o Direito positivo seja mandado para as urtigas (ou para áreas da vida social onde a (sua) ética não penetre); ou, eventualmente, que sejam criados tribunais populares, que julguem eticamente. Ou ambas, cumulativamente.

View blog authority