De novo, o progresso!
A proposta de reforma da Administração Pública prevê a criação de quotas de
mérito e
excelência. A inovadora avaliação de desempenho, que pretende - e bem - acabar com as bafientas promoções automáticas nas carreiras, preconiza uma curiosa estratificação dos funcionários, que passarão a dividir-se entre "excelentes" e "o resto". Adianta-se, ainda, que as quotas de "excelentes" serão limitadas a uma percentagem minoritária do serviço público que seja objecto da avaliação. Não pensem os
excelentes funcionários públicos que terão a vida facilitada, pois. Porque o avaliador, qual MST dissertando esotericamente sobre o sporting num presumível dia difícil do mês, dir-lhes-á que eles têm
"a vontade e o talento para poder ganhar", antes de lhe anunciar com expressão pesarosa que, apesar disso, não serão incluídos na tal quota de mérito. Noutros casos, eventualmente opostos, dirá o mesmo avaliador a outro avaliado, com pseudo-sapientes olhinhos abertos semelhantes aos da Sofia Morais a puxar as orelhas aos cantantes "Ídolos", que acha que ele tem muito mais para dar e que ainda não será
excelente, mas ainda assim aposta nele porque são amigos há muitos anos e não lhe passa pela cabeça fazer-lhe a desfeita. E assim as quotas de excelentes serão preenchidas pelos possivelmente talentosos e os excelentes serão forçados a esquecer que o são (ou que isso não é relevante) e a concluir que Maquiavel tinha mesmo razão. Mas eu acho que percebo: as reformas, exaustivamente preparadas e cheias de concertação social, dão um toque de progressismo dinâmico ao governo que, admitamos, lhe cai muito bem. Eu, pelo menos, quando penso em progresso lembro-me imediatamente do Durão Barroso...
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