Blogame mucho: Ao Besugo...

3.1.04

Ao Besugo...

Carago, pá. A sério que se foi para me atazanar o miolo, não podias ter escolhido melhor. Vens logo com Queimadela, aquela terra estuporada onde só habita gente sem jeito. Como se não chegasse, puxas depois pela Castela, território que bem sabes, ser de pessoas que os meus antigos muito combateram.
Quanto ao poeta do Douro, bem sei quem é, que já comeu connosco muito fumeiro da “ santa”, e já escorropichou muito copo em funções, e muito mais há-de “secar”, se para isso houver saúde, que sede não vai faltando. Até podia ser o meu sogro, que está aí para as curvas, mas não, é o outro, que honra lhe seja feita, gosta e sente o nosso Douro.
Mas agradeço-te a informação acerca do Porto e do Alverca. A sério. Nem sabes o quanto eu esperava por essa notícia. Andava para aqui mortiço de todo. Nem a alma se me sossegava.
Por este caminho, vim dar às coisas da bola, e já agora, vou confessar-te uma coisa, que nem ao meu sogro confessei; Das coisas que eu mais gostava, era que logo no primeiro jogo, a nossa selecção levasse quatro secos, doutra, assim tipo a equipa do Santa Marta, ou coisa do género, e que houvesse um terramoto que sem mais estragos, deitasse abaixo todos os estádios novos.
Tu nem sonhas o quanto se me sangram as entranhas ao dizer isto. Juro. Gosto da pátria, e de tudo o que ela tem, sejam as videiras, os passarinhos, as passarinhas, ou as moçoilas e mais as mesmas, que há cada uma por aí, que é de se lhe tirar o chapéu.
Mas por isso mesmo. É que no meu ver, se as coisas correrem bem, não vai faltar foguetório por coisas que são o que são, e depois esses estupores do mundo da bola, vão continuar na mó de cima, não dão lugar a outros, e as poucas vergonhas vão continuar a ser cada vez piores.
Quanto aos estádios, só te digo que não entendo a ideia. Há estádio novo ? Sou contra ! Então cá para os nosso lados qualquer dinheiro que cá gastem é mais chorado que eu sei lá o quê, a rapaziada passa frio de rachar na escola por não haver dinheiro para o aquecimento, e depois estes almas do diabo, gastam contos e mais contos de rei, a fazer estádios novos que vão ficar vazios ?
Razão tinha um rei de que meu sogro fala, um D. Carlos, que dizia que isto, era uma choldra. Era, não, é ! Digo eu alto e bom som. Isto anda é sem rei nem roque, ao deus dará, orientado por gajos que nem sabem com quantos paus se faz uma canoa.
Por mim, agarrava neles e em mais a minha sogra, e espetava com eles era em Queimadela, aquele estupor de terra, que só de escrever o nome, se me arrepia a espinha.
Também nem sei por é que ainda lhe não deram a independência. Aproveitavam, metiam no mesmo pacote a Madeira, e o Alberto João que se entregasse deles, que são todos da mesma laia.
Ai, agora é que eu lembrei que estamos no Natal, que é altura de coisas boas e de nos darmos todos bem. Por isso, vou mandar-te os salpicões que pediste, mas antes tenho de dar uma engraxadela na minha sogra, que é o mesmo que passar a mão no pêlo em mula enraivecida.
Mas pronto, é Natal, o Menino está nas palhinhas deitado com o pirilau à mostra, e por isso, tá-se bem.