blog caliente.

19.12.03

Fechemos a Caixa de Pandora.

Gosto de pessoas com vidas cheias, fartas de afecto e de trocas, de gestos de ternura e de pequenas e frequentes felicidades, feitas de olhar e de ter vontade de olhar os outros, para além do próprio e redutor egocentrismo. Gosto de pessoas que perceberam que o seu próprio brilho se alimenta da consciência de que a sua paz depende da serenidade com que sentem empatia pela dor e pelo sofrimento alheio, desconsiderando, ao limiar zero, a maldade – por essência, medíocre - de terceiros. Gosto de pessoas que aprenderam a usar a sua razão com o máximo proveito, transformando-a em pura, fresca e reconfortante emotividade e descobrindo, a cada dia, novos e estimulantes pretextos para definir espaços invioláveis de felicidade.

Alcançado esse doce bem-estar, descobre-se que o mal é apenas o caminho perdido de outros. Percebe-se, então, que a verdadeira dor de si próprio só existe e se torna justificável porque antes se percebeu a dor alheia. E o mal, esse, vai-se para sempre.

E tudo isto sabe muito bem.

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