Rio Ave - Rio Douro (reloaded)
Caro Dupond:Muito lhe agradeço o rótulo de simpatia que me apõe. Suponho que me toma por vagamente tonto e me chama simpático, apenas, por cortesia. Eu, que não sou Cortez (sou Lopez!), mas me reconheço nos valores da civilidade e da cortesia, não podia deixar de lhe dizer isto. Porque você diz tantas coisas que, enfim, um besugo não resiste.
OK, foi a brincar.
Deixe-me situá-lo, já que não receia contaminações virais: aquela minha posta inicial sobre o Professor Sobrinho Simões era apenas um espasmo. Eu li aquilo no barnabé. Aquilo, sobre o facto de o Professor defender que as propinas do curso de Medicina deviam ser mais caras. E, como eu não concordo e, além disso, conheço o percurso do Professor (cintilante, admirável, isto é inegável, assim visto daqui de baixo), mais não pretendi do que expressar, espasmodicamente, a minha estranheza. E, confesso, quis comungar ali da “raiva” do barnabé. Raivas, cada um tem as suas, o barnabé nem sequer é para aqui chamado, só tem a culpa de eu o ter lido. Mas estas coisas têm as suas motivações, ele que me desculpe a nova referência, se der fé dela.
Eu, portanto, não pretendo discutir se devem (ou não) ser pagas propinas em qualquer curso. E você até acaba por dizer que “todos devem pagar, e devem pagar igual”. Eu não concordo, tenha lá paciência, até posso deixar-lhe aqui isto, assim singelo e aberto à discussão futura que o Dupond quiser ter (você nem tem medo de gripes!): o ensino público, na minha fossilizada (diz você!) opinião, devia ser gratuito. Sem prejuízo de prescrições, obviamente, nem do diabo a sete! Mas isto que aqui lhe deixo, repito, não está em discussão, você tem, aí, é a minha opinião “basal” para a questão das propinas. E há-de desfazê-la, se quiser, quando quiser, à paulada ou com filigranas, logo que lhe aprouver. Mas admita isto: pagar ou não pagar, não estava em discussão.
O que estava em discussão, porque você quis que estivesse, foi o seguinte:
1 - A questão das propinas deverem ser mais caras no curso de Medicina.
2 – O facto de eu não ter argumentado acima da bitola zero, porque falei de antepassados e isso não o comove, que os tempos, para si, são outros.
3 – O caso da aprendizagem médica ser baseada nos doentes (você diz que é nos professores e nas sebentas, e depois aventura-se pelas tutelas dos internatos). Aqui, você até discorre sobre o facto de eu “nem parecer médico”, o que me leva a perguntar que raio de médicos é que você conhece....
4 – A diatribe das portas escancaradas do emprego estatal no fim do curso (ao fim e ao cabo, você descai, envergonhadamente, para a admissão de que essa é a verdadeira razão para lhe parecer bem a propina mais cara no curso de Medicina, ora admita...)
5 – O problema da “propina” dos doentes, porque eles apenas pagam as taxas moderadoras, ou seja, a “matéria-prima” não paga nada. Você sossegue!
O resto são pequenas coisas suas, de cariz liberal, que me caem mal no bestunto (aos meus companheiros de blogue não caem, você acredite que eu hei-de pagar isto internamente!), mas isso deve-se ao indevido uso que dei às meninges enquanto jovem. Sim, tenho 43 anos e licenciei-me em 1985. E sou especialista em Medicina Interna, em dedicação exclusiva à carreira hospitalar. A referência a 1983 tem a ver com a cadeira de Anatomia Patológica, de que o Professor Sobrinho foi, anos a fio, “co-proprietário”. O lente era o Professor Daniel Serrão mas, você desculpe estas criancices de besugo, quem usava os jeans, a barba e a bondade era o assistente, deixe-me dar-lhe co-propriedade na regência, que a gente gostava muito dele ( sim, as gajas também).
Quer que me explique, nos pontos de 1 a 5? Eu tento explicar-me, você logo vê se lhe convém. Sente-se aí, que eu já nem tenho tosse, estou melhor!
Proponho o seguinte: eu abro uma posta nova com a análise dos cinco pontos logo que cumpra algumas obrigações. É que vim duma maratona de “aturar matéria prima” e nem sempre este besugo consegue esguichos prolongados nessas condições depauperadas. Digamos que isto é, apenas, para situar a conversa. Acha bem?
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