O que eu vi, com tristeza.
1 - Vi uma equipa turca, que tem nome, chama-se Gençlerbirligi. Pode até ser uma equipa com um nome ridículo do nosso ponto de vista, que é sempre tão esteticamente exigente... Mas eu vi essa equipa ser melhor do que o Sporting lá (em Ankara) e cá. Independentemente de não haver um idiota dum comentador televisivo que seja capaz de lhe dizer o nome, mesmo aportuguesado. Gençlerbirligi.2 - Vi uma equipa turca determinada, rija, que me fez lembrar o Gil Vicente, o Braga, equipas assim de músculo, organização e alguma (demais, pelos vistos) qualidade. Daquelas equipas que nunca serão campeãs mas que, bem medidas, bem avaliadas, logo percebemos que não estão ali para brincar, para ser comparsas de festa nenhuma, organizada por parolos nenhuns. Tanta porrada levámos, já do Gil e do Braga que, desde o início, aquilo me pareceu "filme visto".
3 - Vi uma equipa turca que mereceu a sorte que teve, porque a sorte, se for assim "exuberante demais", não explica tudo. Mesmo que seja merecida, como foi o caso.
Meu Deus. Eu sei que isto é só um jogo de futebol, começa e acaba, não interessa nada. É mais ou menos como a vida, às tantas... Tão triste, às vezes. Sejam as tristezas passageiras....(interpretem isto como um interlúdio musical).
Não me parece pertinente analisar os jogadores do Sporting. Se fossem muito melhores do que são, não estavam em Alvalade. Temos um bom guarda-redes, um bom central (Polga), um bom médio (Rochemback) - mas a jogar caoticamente. E um avançado que é codicioso e se chama Liedson. Isto não faz uma equipa. Quanto mais uma equipa boa.
Nada me move contra o engenheiro Fernando Santos. Tenho é a noção perfeita de que, hoje, como em outras alturas, o engenheiro não foi um condutor de homens. Foi um homem à deriva, timoneiro de barcaça sem grandes marujos. Amuado, arreactivo, cinzento. Incapaz de, com os marujos que tem, manter o barco à tona. Um capitão destes está talhado para imediato. Sempre esteve. Não digo mais nada.
Arrepia-me sempre ouvir assobiar os nossos. O silêncio reflecte melhor o desgosto. E é mais digno. Ver palhaços-de-bancada, vestidos de verde, rindo às gargalhadas (nervosas, de frustrado) enquanto acenam pedaços de papel higiénico branco, despedindo o treinador que não ganhou, é deprimente. Mais deprimente, mesmo, do que ter a certeza que o treinador não serve. E, essa certeza, eu tenho-a. Não serve, mesmo. O que nunca exigirei é que o despeçam. Interpretem o meu silêncio, que é sempre melhor que a injúria.
Não me sinto com vontade, porque estou muito triste, de dizer porquê.
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