blog caliente.

17.10.03

O exame de acesso à especialidade

Lembrei-me do meu, ao ler isto aqui, por interposta pessoa.
Decorreu na sala dos 70 metros, na Faculdade de Economia do Porto. Na véspera tinha estado de urgência, no São João, até à meia-noite. Na pequena-cirurgia, o que significava coser couros cabeludos até vomitar no porta-agulhas.
Excelente internato geral. A arte do desenrascanço, do raciocínio e da atitude sob pressão aprendem-se aí, que o diga a Margarida, é questão de lhe perguntar. Quantas vezes não foi, já, abandonada "às feras"? Não se queixe, não lhe fez senão bem, verá...
Hoje em dia é, talvez, um pouco diferente. Julgo que os internos gerais nem receitas podem passar. É um atestado de menoridade. O exemplo dos colegas espanhóis que para cá vêm medicar, logo após o curso, é o complemento ilustrativo do paradoxo que aponto e condeno. Alguns nunca "viram um doente"!

Os dois anos de internato geral eram (e espero que ainda sejam) a iniciação esforçada dos que queriam mudar o mundo. Onde se tarimbavam os olhos, as mãos, os sentidos.

A alusão ao Harrison (um tratado de Medicina Interna, como o Cecil ou o Stein) faz sempre recuar no tempo qualquer médico que se reconheça nas origens.
Eu espero que a Margarida, em momento de inspiração, escolha Medicina Interna. São 5 anos de esforço que lhe vão abrir o mundo... e fazer doer o corpo todo. E pode sempre jogar no totoloto para tentar enriquecer enquanto se gasta.

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