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14.10.03

Aprendamos!

Após um dia obstipante (na medida em que até o próprio encéfalo se sente entupido com algumas diatribes da nossa vida de relação) decidi purgar-me e contemplei, embevecido, pequena parte do noticiário da TVI. O discurso de Barroso, enjoativo como sempre, não me motivou a peristalse. Mas, logo a seguir...
Aprendi duas coisas, que não sabia e me serão úteis de futuro. Sejamos normativos, vai em forma de “1 e 2”.

1 – A Madeira, essa adorável pérola do Atlântico, esse jardim hilariante e dispendioso (por mim, podia vender-se, desde que a venda incluisse, obrigatoriamente, como contra-peso, o regedor), detém um serviço de protecção civil engenhoso e, como não podia deixar de ser, carregadinho de lógica empresarial. O chamado “serviço de protecção civil que cobra serviços, dependendo dos resultados”.

A coisa conta-se rapidamente. Dois montanhistas foram dar um giro, lá pelos montes. Contava-se que regressassem mais cedo, mas terão tido qualquer percalço que os reteve, tendo passado a noite fora. Lá naqueles montes, como noutros, não havia a chamada “rede”, que é uma malha fina e invisível que permite aos telemóveis funcionar a preceito. De modo que os ausentes não terão avisado ninguém e as famílias ficaram aflitas, apelando à protecção civil. A protecção civil, uma vez apelada, mobilizou meios e recursos e saiu à procura dos montanhistas. Que, entretanto, com a luz do dia, conseguiram regressar, sãos e salvos. “Que bom”, pensar-se-ia. “Olha, estão bem! Antes assim!”.
Nada disso. O madeirense de bigode que manda naquela parte do jardim que se chama “protecção civil –SA", numa lógica que há-de, certamente, ter adicional explicação iluminadora do breu intelectual que eu daqui vislumbro (“é estúpido, o gajo, venda-se também!”, confesso que foi o que pensei...), afirmou, pedagógico, perante as câmaras: “Não senhor, isto não é assim à balda! Vão pagar as “despeseinhas” porque foram mobilizados muitos meios para os salvar e eles estão vivos e, ainda por cima, bem! Ora “semeilhas”! Andamos a “brincuar”?”.

Ou seja, Protecção Civil do País inteiro, se me escutas, tu aprende! Tu estipula tarifas, regulamenta, olha a despesa! Olha o défice! Olha o exemplo que te vem de cima! Sim, que a Madeira é um jardim... suspenso (eu vendia-o, não sei se já vos disse... já disse, pois)!

Tu faz assim uma coisa deste género:
Artigo Primeiro e Único: Não sendo a protecção civil isenta de custos, que isto não é à borliú, determina-se o seguinte, que já amanhã vai para despacho: quem se atrever a não estar morto, mutilado, visivelmente escoriado, em choque emocional ou outra espécie de desgraceira, aquando de busca efectuada pela protecção civil, agravando ainda esta falta de respeito com a circunstância grave de, pelos seus próprios meios, regressar ao convívio dos seus, deverá pagar a totalidade das despesas tidas com a tentativa de resgate.”

E que o exemplo frutifique. Ou então venda-se aquilo, pelo amor de Deus, com “eles” lá dentro! Eu preferia...

2 – A questão das prostitutas e alternadeiras de Bragança, que teve honras de tratamento VIP na Time e nas nossas televisões, preocupou-me. Caramba, cheguei até a pensar numa concentração de meninas, ali em cima na raia! Uma espécie de concentração de motards (mas estes lavam-se menos, é inesquecível estar a uma distância de até dez metros dum motard, destes que se concentram, quando ele descalça as botas!), mas com o slogan “Bragança é que as tem, alternar é bem!”.
A TVI elucidou-me logo. Afinal, também há putas em Lisboa. E entrevistou duas. Brasileiras. Caramba! Excelente serviço.
Fiquei mais descansado.

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