Blogame mucho: A explicação dos pássaros

3.10.03

A explicação dos pássaros

Os processos demasiado mediáticos, como o da pedofilia, prestam-se sempre a aproveitamentos mais ou menos ilícitos, manipulações, confusões, atitudes defensivas e até a excessos de zelo. E este processo, em concreto, tem as características bastantes para atrair e fomentar a advocacia arruaceira e ruidosa. Eu, porém, continuo a acreditar na advocacia séria, ética, que litiga nos tribunais e não para os jornalistas, que faz as alegações finais depois do julgamento e não antes e em praça pública. E repudio a advocacia demasiado "brilhante", em que o mérito intrínseco do defensor se encolhe em favor da idolatria (quase diria fascizante... ) do advogado.

E são esses idolatrados advogados que chilreiam, como disse, em busca de meios processuais que, em desespero de causa, lhes permitam, pelo menos, tumultuar o processo, a justiça e a opinião pública. Se esses passarocos chilreantes fossem aquilo que lhes defende o Alonso, não teriam, seguramente, requerido ao TC a apreciação do recurso sobre o conhecimento dos factos pelos arguidos ao mesmo tempo que invocavam a estapafúrdia suspeição do Rui Teixeira. É que a ética profissional não é intermitente: ou existe ou não existe.

Portanto, meu caro Alonso, a verdade é que, no meio do tal excessivo chilreio, os ilustres defensores acertaram o alvo, mas por mero acaso. O mérito existe, mas é todo do TC. E do Júdice, que tem demonstrado quase sempre que ainda há pássaros que chilreiam serena e oportunamente.