As virtudes de ser sportinguista
Escrevo em resposta a um desafio que reconheço ser espinhoso. Não por ser difícil reconhecer virtudes aos sportinguistas que, para além dessa fatal característica, são, como todos nós, vítimas do determinismo histórico e biológico que os torna volúveis às fraquezas facilitistas de serem adeptos de clubes de quem defendem uma espécie de elevação moral face aos demais. Assim como quando apareceu o PRD, não sei se se lembram. E como se esvaiu em fumo, lembrem-se também, já agora.Mas o desafio é espinhoso, dizia eu. Corro o risco sério de, ao divulgar aquilo que penso ser um sportinguista, os condenar a um torpor eterno, fruto do prazer mórbido que retirariam da ideia do eterno sofrimento. E isto, de tão medieval, é obsoleto e portanto contraproducente para um clube cujo estádio tomou uma designação tão... futurista. Porque o sportinguista puro e duro é assim mesmo: encontra consolo no infortúnio. De tal forma que vive mais intensamente as derrotas do que as vitórias e quase deseja que os árbitros lhes aumentem o sofrimento.
Ser sportinguista é ser resignado com o destino e emocionado com a esperança de um dia acordar para uma vitória apoteótica, demolidora, de dez a zero contra o Porto. Enfim, um sonhador.
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