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11.11.07

¿Por qué no te callas?

As regras protocolares, assim como as de cortesia, servem para assegurar serenas convivências políticas ou sociais. Qualquer chefe de estado é muito mais refém dessas regras do que beneficiário, pelo menos no plano do "dever ser". De facto, basta ter dois dedinhos de testa para se ter a exacta percepção de que, numa cimeira ou num qualquer outro episódio semelhante, ninguém diz exactamente o que pensa, mas antes aquilo que é conveniente dizer. Essa funcionalização do discurso é pacificamente aceite por todos os participantes, e sabe-se, de experiência feita, que estas cimeiras só têm - se tanto - fins estritamente diplomáticos: é como se encontrassem todos para uma lauta jantarada, ou assim.

Por isso foi muito agradável ver o esfíngico Juan Carlos, de quem o gossip fala de escapadelas ao matrimónio mas de quem nunca se viu, investido em pose de monarca, sequer uma piscadela de olho a mais, perder as estribeiras e aplicar a oportuna chicotada psicológica a Chavéz, o homem que se fez famoso, sobretudo, por insultar quem quer e como quer. Por uma vez esteve o homem, antes do rei.

Eu, como tenho uma particular irritação por gente que se acha no direito (?) de apontar o dedinho a quem entende e de debitar verdadinhas morais com insultos intercalados, associo-me à irritação do rei de Espanha. Diria até que, no contexto, foi com brandura que mandou calar a picareta falante. Mas claro: há regras protocolares.

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