A prova de que se cometem crimes em nome da liberdade
Perguntou-me qual dos Ninjas eu escolhia para lutar. Respondi-lhe que preferiria ser o Splinter, a ratazana de esgoto, mestre de
Tae Kwon Do e de auto-domínio, enfim, se tirarmos o facto de se tratar do mais repelente roedor que se conhece, ser-se um Splinter é um anseio razoável e compreensível. Mas não podia ser. O Splinter luta sozinho, nunca em parceria, do tipo Marlboro Man. Escolhi o Leonardo, o mais velho, mais ponderado e mais valente dos quatro, apostando assim em antagonismos do tipo "how do you feel in someone else's skin". Ele escolheu o Donatello, que é o mais histriónico e prolixo. Mas valentes são todos (sei disto, fui ver o filme). Vamos a isto. O primeiro nível passa-se no esgoto nova-iorquino, que é preciso atravessar sem deixar que uns cães de lata nos mordam. Fácil. No segundo, estávamos numa rua que podia ser no Bronx, atacados por mafiosos carecas e profusamente tatuados, e mais cães de lata, para enfeitar (morrem depressa, os danados). Os mafiosos demoram mais a morrer, sobretudo quando se conhece mal as teclas; "cruz" é para bater, "bola" é para saltar, mas desafortunadamente invertia-lhes a ordem, o que me valeu vários socos aplicados nos maxilares. O que vale é que de vez em quando há uns caixotes (bem mais pacíficos), que se abrem à porrada, cheios de pizzas para ganhar tempo de vida, quando a carcaça já fraqueja. São como que bálsamos curativos de medicinas alternativas. Parei quando já me doíam as falanges, não sem antes ter arrumado com, pelo menos, uns quinze mafiosos do Bronx. Senti-me, sim, um soldado da paz. Está bom de ver, pois, porque é que estas coisas viciam putos de qualquer idade.
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