Kant custa?
Um calceteiro de Riachos encontrou um génio que - pensou o calceteiro - estava a contar as suas semanas de vida com dificuldade.- Tens nove semanas, pá! - disse o calceteiro.
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- Sai daí, anda ver o mar.
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- Não dizes nada porque não sabes ou porque não queres?
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- Já percebi: estás aí na lamparina mas ainda ninguém a esfregou e, por isso, não sais. É isso?
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- Nem isso? É pena, sabes?
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- A Rosa Amélia está cá fora há 29 anos e até já tem um filho, que não é génio como tu, e vai morrer. Tu, enfim, que és tu? Que nem de pedir três coisas és capaz, quanto mais de conceder três desejos?
- ...
- Fica calado. Deixa falar a tua mãe por ti, consoante ela quiser. Ela que esfregue a lamparina.
E foi calcetar, o calceteiro, embora desgostoso com Kant e o imperativo categórico e silencioso do génio. Ou, melhor dizendo, do projecto dele.
Kant e calceteiros, aliás, nunca se deram bem, porque Kant tinha mãos finas, mãos finas de obstetra fino e, naquele tempo fino, não havia estórias destas.
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