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15.1.07

Já agora ...

... que os meus distintos e eloquentes colegas de blogue já cá escreveram sobre o concurso da RêTêPê, aproveito para dizer que:

1) Concordo em princípio com o besugo (lá acontece, isso, mas é só em princípio). Ser herói, grande, o que for, pode-se sê-lo de tantas maneiras, com reconhecimento público ou sem ele, que este concurso não passa de uma valente chachada.

2) Dito isto, a minha definição, não necessariamente de "herói", mas de pessoa notável, (o que implica o reconhecimento público) tem por pressuposto tratar-se de alguém que passou - muito - "para lá" do que seria comum, e se afirmou, neessariamente, como pessoa de qualidades excepcionais (pode ser através da pena, da espada, da sagacidade política, da capacidade científica, etc.);

3) Se associarmos a definição de notável, atrás sumariamente explicada, ao conceito de "português", e por referência à história pátria, então eu não consigo dissociar uma classificação deste tipo à importância política do sujeito. Directa - como Afonso Henriques, por exemplo - ou indirecta - como Camões, que por ter escrito "Os Lusíadas", ultrapassou a sua importância "nas letras"(que seria semelhante então, ou menor, do que a de Gil Vicente), e criou (mais) um referencial sobre o que é o "ser português".

4) Nesse contexto, eu simplifico. Não encontro, no séc. XX, alguém que ultrapasse as fronteiras desse século. O português que mais o marcou foi o Salazar, mas o Salazar - que foi, goste-se dele ou não, um homem notável - marcou o fim de um ciclo. Sem que outro se adivinhe que não seja o de um POrtugal, finalmente, acomodado ao que era antes dos Descobrimentos: o País que Afonso Henriques fundou. Uma espécie de condado portucalense que se estendeu até ao Algarve.

5) Concorreram muitos notáveis para que Portugal, durante séculos, fosse coisa diferente disso. De todos, no entanto, destaco um: o Rei D. João II. Sem ele, o caminho que o seu tio avô (o Infante D. Henrique) tinha desbravado não tinha assumido a grandeza que depois assumiu. Apanhou de seu Pai (D. Afonso V) um reino dividido nos vários ducados que a Ínclita geração deixou, transformou-o num reino centralizado (deve ter gasto algum sangue nisso, suponho), e tornou o reino de Portugal uma realidade que até então era, não só insuspeita, como aparentemente impossível.

E pronto, era só isto.

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