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17.10.06

Rivoli-o

Por um lado, não tenho um pingo de simpatia por Rui Rio ou pela boçalidade (mascarada de temeridade) com que gere o município e os negócios do município (ou o que resta deles). Também me parece que a privatização do Rivoli há-de redundar numa programação cultural coadunada com as leis do mercado, o que equivale a dizer que as maiorias determinarão o cartaz e que, por isso, ninguém se admirará que uma boa percentagem dos proveitos da exploração advirão dos shows dançantes dos D'zrt, da Floribella, eventualmente do Tony Carreira e, inevitavelmente - claro - da inefável Dulce Pontes (!).

Por outro, espanta-me aquela comédia comico-trágica dos barricados no interior do edifício, feitos mártires pelo mesmo Rio quando, olímpico e firme, lhes cortou a luz (gostei do pormenor do WC) e lhes proporcionou uma refrescante temperatura ambiente, talvez para combaterem a apatia e o cansaço.

No meio desta comédia, eis que surge a ministra, auto-designada mediadora do conflito, como se houvesse conflito - como se houvesse caso.

O mais absurdo disto é que este protesto peregrino há-de, inevitavelmente, acabar em coisa nenhuma, porque nada isto se apropria a uma negociação de contrapartidas pelo simples facto de que os barricados nada têm para trocar - a não ser sairem voluntariamente (que sairão, ainda que não seja de livre vontade). Não é, de facto, útil ou eficaz.
Mas obtém-se um considerável impacto mediático, claro. Mais pela bizarria do que pela justiça da causa - sendo óbvio que tanta bizarria (incluindo o episódio do ar condicionado no frio) em nada ajudará a que se cumpra o que, sendo justo, me daria um grato prazer, a mim e a muitos portuenses - irritar o Rio ao menos atrasando-lhe os planos. E, já agora, ainda mais do que no caso do túnel de Ceuta.

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