blog caliente.

25.10.06

Do gume

Sou dado a recomeços, reciclo-me naquilo em que acredito e desiludo-me na reciclagem, quase sempre. Mas gosto de turras.

Entre compras e prendas (não digo presentes, da mesma forma que não digo encarnado, da mesma maneira que chamo Corgo ao rio Corgo, e nunca Côrgo, entre outras inutilidades), acabei por juntar cinco das séries do E.R.
Isto interessa a pouca gente, mas interessa-me a mim. Tenho ali um espelho. E eu consigo distinguir entre um espelho bom e um espelho mau, sendo que um espelho bom nem sequer é, sempre - e quase nunca é -, o que me responde às vontades afagando-me o escroto.

Hoje era sobre quebrar regras. E era também, já depois delas quebradas, sobre colocarmos a cabeça num cepo, como quem vai dormir de lado, suplicando baixinho que o carrasco, em lugar de nos cortar a vida pelo pescoço, nos tocasse no ombro de mansinho, nos retirasse a venda dos olhos, nos ajudasse a reerguer a dignidade (que ela não se perde, nunca, só por colocarmos a cabeça ao jeito de quem pode fazer-nos isso de nos fazer ajoelhar) e, depois, nos mandasse em paz, sem necessitar de decisões judiciais: como se quem matasse, quem fosse o instrumento da morte - e, mil raios, é o instrumento da morte que nos mata - é que pudesse perdoar.

Quem fosse morrer perdoaria também, seria a paz dos justos sem necessidade da justiça.

Eu sei que não há isto.

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