blog caliente.

11.3.06

Muito ao lado, outra vez festival

Primeiro chegou a Angelino, de dentuça dada ao Gabriel; e, depois, vieram outros, a explicar que ainda há "xoventude"; e acabou ainda pior, em estase (é um êxtase de encharcamento pulmonar), com o Clímaco gagá e uma mulher com excesso de prozac na testeira, uma Campos(?) ou assim, tudo vestidinho às riscas grossas (ou às pintas finas, mas que aquilo era tudo "pintas" é que eu quero que retenham, sim?) pela estilista madeirense, a das coxas "mais ou menos" e da testa baixa, a testa é baixa sem ser mais ou menos, é mesmo baixa.

Pelo meio, partes gagas, muito gagas. E uma mistura de público-SMS, ("vote em milésimo lugar e tente ir a Atenas", e "posso dizer-lhe que Atenas é uma cidade maaaraaavilhoooosaaaa!" - disse a tipa, a Campos ?) e personalidades julgadoras a necessitar de avaliação funcional e afectiva, excepto o Tozé Brito, que já está avaliado desde quando desafinava despudoradamente; ah! e o rouquinho das encenações, o "A Féria" (em galego), e a Simone, que está muito bem dentro do género "morreu-me toda a gente!", e o gordo, sim, estava lá um gordo, esse gordo que, quando lhe perguntam o que é, diz que é crítico, eu digo que é gordo, mas o Gobern (é o nome do gordo) é,"também", isso; e a madeirense, que... bem, pois, aquilo é para os cem metros, costas.

Aproveitaram a juventude, entretanto, aqueles putos que agora andam numa de serem "casting fanatiques", en mauvais français, a canalhada daqueles programas tipo "Fame" (isto dura, caralho de formato mais imbecil, que tanto dura!, mas pronto), para os interlúdios; não foi mau, eles safam-se a imitar outras coisas. Antes isso que serem protagonistas do Brokeback, ou lesmas.

As cantigas propriamente ditas foram mais ou menos. O júri de personalidades (é provável que alguns tenham uma, acredito nisso) escolheu uma cantiga que está bem escolhida porque assim, ao menos, vai ser parecida com a sueca, a finlandesa, a da Bósnia, a da Dinamarca, a de Malta e as daqueles países novos todos. As gajas que cantam são uma bosta do ponto de vista vocal, a melodia é um cliché dos anos oitenta, mas já vi 1256700000 clichés dos anos oitenta muito melhores, e, mesmo as gajas, assim na base do pernão, me pareceram um bocado moles e, do prisma trombiliano, com cara de estúpidas.

O povo, que lavas no rio, escolheu antes uma Vânia, uma magrita que entrou num programa qualquer, que, basicamente, foi lá cantarolar, escanchadita, que "Portugal é que é!", o que também cairia muito bem aos estrangeiros, lá em Atenas ou o caralho; aliás, é sabido que mais de 78% dos estrangeiros ficam muito entusiasmados com o nosso patriotismo, não há nada que os impressione mais do que um cançonetista luso a cantar uma coisa qualquer em que, no refrão, esteja o nome do nosso país, Portugal, como quem está sempre a pegar em armas, somos nós e a Croácia, aquilo é "Hrovska", parece-me... impressiona e deleita, foi pena. Quase que chorava com isto, mas contive-me por causa do nojo e da risa.

Depois havia três coisas bem feitas, que não se safaram, mas vão vender melhor que as outras todas, até por um motivo simples: eram muito melhores.
"Caralho, então eles votam mal e depois compram!?", perguntam os senhores. Não é nada disso: os tipos da sala (o Gobern, a Lopes, o Brito, etc) eram umas bestas; os das SMS (nem sequer houve 70.000 telefonemas, o que deve querer dizer que não votou ninguém senão os amigos e dependentes - e talvez os pais - dos artistas) são só votadores compulsivos e oligofrénicos, que acham que Portugal é moderno e dominante, sobretudo por um motivo imenso, que é este, vai já a seguir, ora leiam, "quando não, não estávamos agora de Nokia nas manápulas, a expressar opinação, àpoizé!".

As três coisas bem feitas eram uma guitarrada do Galarza, metia fado e cheirava a bossanova, boa coisa, vai ouvir-se; uma que metia "dormir com pedras na cama", uma negra bonita, aquilo é bom, um dia hão-de perceber isso; e o Beto (este nome é fatal!), que, apesar de ter aquele aspecto, cantou a melhor coisinha que lá foi, porque sabe cantar, os coros eram muito bons, aquilo estava bem "formatado", digo-vos que aquilo ia resultar muito melhor que as outras merdas todas (é a canção-hino, sabem o que eu digo? bom, quem sabe, sabe, quem não sabe, não sabe, cago nisso tudo e no que digo também), tinha tudo, era a melhor para o efeito, mas fodeu-se no confronto emparelhado "das personalidades presentes e das SMS das unhas ratadas". Mas vai vender bem e, para aquilo que era preciso, era a melhor.
Ninguém entende esta gente, a não ser na risota.

O resto, caruncho e ranço. E canalhada em ânsias de "quero cinco contos". Nem sequer nos "medleys" apareceu, mais uma vez, aquela trova linda do Duarte Mendes. Esquecem-se sempre, são uns imbecis.

Ah! Estava lá o Tordo, foi aplaudido, mas não o deixaram falar. Fizeram bem, destoava do tom geral "Fátima Lopes e sus jograles" e, além disso, nenhuma das cantigas chegava aos calcanhares do Cavalo à Solta, mas também o Cavalo à Solta não é uma cantiga de festival, é outra coisa. Como o Tordo, aliás,é outra coisa, é doutras coisas, e aqui dizei o que quiserdes, ide-vos festivalar a frio.



Ao menos escolhiam bem, entre o mais-ou-menos. Mas nem isso.
Palhaços tristes e bisonhos. Não gosto. E fica aqui dito, para coisa nenhuma, só porque sim.

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