Eu bem te topo
Eu sei, lolita, que me empurras para a redenção, sempre que podes.Estou de acordo contigo. Até por isto: um dia, um imbecil que acabou por se licenciar num ramo da engenharia que lhe permitiu dar aulas de uma merda qualquer no liceu, antes de casar com a filha dum industrial que o libertou dessas maçadas, disse-me: "olha, besugo, tu dizes que o Marco Paulo é uma bosta dum cantor, que nem autor é, mas ele é que o ganha, ao pilim!".
Este imbecil, que desconheço se ainda vive, mas deve viver, o enterro dele há-de vir nos jornais, com o destaque que é devido aos pensadores, é o emblema dessa parte de portugueses de que falas. E da outra parte também.
Este cromo há-de achar, ainda hoje, que se der um beijo numa perdiz assada, apanha a gripe das aves e pode morrer dessa doença sexualmente transmissível; não percebe porque raio ainda não há uma vacina para os seus receios; e, ainda por cima, se lhe derem oportunidade, berrará que "isto é tudo uma escumalha!" para um dos microfones que por aí há, à espreita das reivindicações dos descerebrados. Eu depois ensino-te a reconhecer um descerebrado.
Com sorte, terá direito a título de jornal: "Mais um português vítima de negligência refere que isto está tudo mal!". E ninguém lhe dará um porradão na cabeçorra por nem sequer conseguir explicar o que entende por "isto": fará um gesto vago e amplo que, num amplexo chulo e afadistado, abrangerá a própria mãe, se estiver num dia normal de flatulência, derivado à chispalhada.
Não. Por agora não sigo o teu conselho (leia-se "provocação"). Importa manter os níveis de confiança do Tino, quando não ele amaina, afrouxa, vai-se embora. E perde-se a piada da coisa.
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