O calvo que não sabia nada
O marido da Carminda chora muito, convulsivamente, intermitentemente.Como se se andasse a segurar há muito tempo.
No outro dia, regressava eu de explicar a um jurista calvo e de fato atrás da secretária dele que estou pelas goelas de fazer urgências, que elas me matam, que cada urgência é uma nova comissão assassina, suicida, que me entregam a ver se me explode nas mãos que não a querem, aqui no Vietname dos Montes, regressava eu, portanto, de falar com uma secretária mole e calva, saltou-me ao caminho o marido da Carminda a agradecer-me a ternura e a impotência.
Conto isto mais por causa da impotência. As lágrimas dum homem podem ser azuis.
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