Sobre sub-condições
Quem sabe o desprezo que eu devoto à histeria e à instrumentalização do movimento feminista não se espanta que eu afirme, desta forma assumidamente marialva, que considero muito mais intolerável a covardia num homem do que numa mulher. As mulheres usam a covardia em seu próprio benefício; sublimam-na e transformam-na em fragilidade, que é, afinal, qualidade atraente para o sexo oposto. Num homem, a covardia é vexatória. O covarde sabe que o é e esforça-se por escondê-la; contudo ela impõe-se-lhe, como uma mancha transversal. O covarde foge a brigas, fala baixinho e encosta-se aos poderosos, em quem se refugia para atacar escondido, como um sniper que atira a alvo incauto. É nocivo e é repulsivo.Um ataque só merece defesa quando é completo: quando se conhece o sujeito e este se dá voluntariamente a conhecer. Um covarde permanece irremediavelmente aprisionado na sua própria covardia: vive penosamente, no estupor da sua condição sub-humana, sedento da gratificante admiração alheia. A dignidade está toda nos fracos que levam uma sova de um corpulento a quem ousaram acusar de viva e firme voz, na presente fuça do outro.
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