Pronto, lá vou eu ter de falar do Benfica, que nem queria...
Só esta noite consegui ver a fantástica intervenção do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, naquele programa da SIC.Se bem entendi, o senhor entrou por ali dentro e prantou-se ao lado do jornalista, levando papéis. E disse que "a bandalheira acabou, com o Benfica ninguém mais brinca e, além disso, ninguém nos tira a taça, nem a pré-eliminatória".
Não tenho nada contra isto. Achei delicioso e, até certo ponto, comovente. Eu até sou do Sporting, tenho ao Benfica uma azia considerável, mas que querem? Achei graça e não me escandalizou rigorosamente nada. Eu explico.
1 - Se o senhor lá entrou foi porque o deixaram. O que ele lá ia fazer era, facilmente, extrapolável do seu comportamento habitual. Com vantagem: ao contrário de Ferreira Torres, o presidente do Benfica até pode falar sem ter razão (e eu nem sei se tem) mas não tem historial de violência. E quanto à taça e à pré-eliminatória, para mas tirarem (se as achasse minhas), tinham de me anestesiar primeiro!
Meus amigos: a SIC permitiu (e, às tantas promoveu) mais este "furo". São coisas simples.
2 - Não me choca ver presidentes de clubes a exprimirem-se com dificuldade, ou em poses desafiadoras de "galuchos", ou a tentarem desesperadamente ter razão, "porque sim". Vejo isso diariamente em pessoas com responsabilidades governativas, seja aqui em Cuba, seja no Paraíso da Democracia do careca feio da Madeira. Esta não resisti, desculpem. E a vantagem é de Luís Filipe Vieira que, ao menos, é apenas presidente dum clube... e é mais esbelto.
3 - Ser dum clube não é ser um "ultra". Os "ultras", aliás, nem sequer gostam do clube, gostam é de chatear os outros. E de copiar os "ultras" estrangeiros que, antes deles, acharam bem ser "ultras", porque é sempre bom poder chatear os outros de forma "internacional". Ser "ultra" não é uma cultura, nem sequer é uma sub-cultura: eu transformava-os em adubo, com vantagem.
Pode ser-se dum clube de várias formas: a forma sofrida do "já sei que vamos perder", muito difundida entre os sportinguistas, a forma semi-arrogante do "é claro que vamos ganhar", dos portistas, a forma alucinada do "nunca percebemos muito bem como, mas lá ganhamos às vezes", dos benfiquistas. Não se pode é ser dum clube e parecer que se é doutro, percebem? Na vida política também não se devia poder, mas cada vez parece mais que se pode, ao ponto de um primeiro-ministro duma coligação de direita poder afirmar "eu, de direita, a bem dizer, nunca fui" sem ninguém lhe perguntar "então que estás aí a fazer, ó nabo?".
Luís Filipe Vieira, que é presidente do Benfica, ouviu não sei o quê que uns senhores sentados nas gravatinhas estavam ali a discutir sobre o clube dele, não gostou, e foi lá dizer o que lhe passou pela cabeça. Por acaso eu até não costumo ser assim grande entusiasta destas coisas tipo "coup de foudre", sou um besugo reconhecidamente sensato, mas não pude deixar de sorrir: o homem foi lá "à Benfica"! É aquilo, valha-me Deus.
E, se querem que lhes diga, à Benfica, portou-se bem: foi parolo (como Sousa Cintra, tantas vezes, foi). Foi arrogante (como Pinto da Costa e Dias da Cunha tantas vezes têm sido). Foi chocarreiro (como Pimenta Machado e Valentim, tantas vezes, meu Deus!).
Foi ali dizer "do seu clube". Não é o melhor presidente do mundo mas também não é homem de se calar. Mesmo que a gente perceba que "caladinho é que ficava lindo", pronto! Eu, se fosse benfiquista, não me distanciava desta atitude do presidente do meu clube, com atitudes de "snob".
Não vem daí mal ao mundo. Doutros homens e doutras atitudes, sim, às vezes vem. Se a gente deixar.
Remato, sempre ao poste (eu sei que ninguém me vê a acertar na baliza, é sempre ao poste ou ao lado...sou do Sporting, aquele torcer sofrido, como sabem) da seguinte forma: reparei que o senhor Vieira disse, sempre, "o Benfica". Já disse isto a vários benfiquistas: uma das coisas mais paneleiras que se fizeram no Benfica, nos últimos anos, foi permitirem cânticos com a sigla: "SLB". Nunca assim foi, soa a plástico, presta-se a mariquices... parece que querem fazer daquilo um clube só de lísbios enquanto reclamam dimensão nacional! Que parvoíce.
Na hora da verdade (vá lá, pronto, chamemos-lhe assim...), pela boca dum tonto (sem ofensa), eis o Benfica a querer ganhar juízo e a ressurgir "Benfica".
Desculpem lá, mas eu gostei. Continuo a não gostar nada dos gajos, mas assim respeito-os mais.
Não tenho razão? Ai não? Digam-me lá onde raio está a dar o programa em que estão uns senhores sentados a dizer isso de mim que eu vou já lá!
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