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1.5.04

Crónicas antigas

O director do serviço era o Dr. Sousa Pedro. Não sei se ainda é vivo, olho esperto, médico antigo, figura da Ilha.
As enfermarias eram corridas, de chão encerado e privacidades poucas. Cheirava lá bem, não cheirava a doenças. É verdade.
Quando não havia que fazer, mesmo fora de horas, ia-se ao Hospital. Era, nos primeiros tempos, o único sítio onde não nos sentíamos tão estranhos, nós, os daqui. Fugir ao cinza e ao verde, lá fora, quase constantes, dava-nos uma sensação de segurança, de casa.
Cedo percebi que não se vive em lugar nenhum a fugir. A consciência tem de reger a arte de ser feliz. E a felicidade não é feita de fugas, é feita de permanências.

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