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29.4.04

O problema da Suécia

Começa logo no facto de ser um país nórdico onde as pessoas, se não tiverem tendências suicidas, vivem relativamente bem. Tem uma (relativamente) baixa taxa de homicídios. Se comparada com o Perú, por exemplo.

Eu, aqui, devia sentir-me compelido a falar dos acontecimentos (que não vi, porque fiz criteriosa triagem informativa) que vitimaram, de forma ignóbil, um homem peruano. Mas não. Tenciono horrorizar-me (nunca hei-de ter couraça para coisas assim) em escrito estanque.

Limito-me a desculpar o perú do Ricardo, o auto-golo do Rui Jorge e o falhanço do Figo, no penalty.
Há muita pressão. Reage-se bem a este lugar comum: é sempre fácil dizer que "profissionais bem pagos têm de saber suportar pressões". E ainda "é por isso que este País não vai para a frente". E, sobretudo, sibilinamente, "lembrem-se do primado da competência, do senhor Peter". É tranquilizador viver com estas regras, se tudo correr bem.

Depois, perante coisas como aquela do Perú, pensamos que há um grande desajuste entre raciocínios calmos, plácidos, tán llenos de nosotros, e os raciocínios sobre pressão.

Não quero imaginar, sequer, o que deve ter pensado, naquele tempo todo, macabro e de agonia, entregue à selvajaria cobarde e injustificável de outros homens, o peruano que mataram à pancada.

É mais fácil pensar na pressão do Figo, do Ricardo e do Rui Jorge. E do Scolari. E do Mourinho. E do próprio Bush, para dar um salto do charco para o pântano sem passar pela Luisiana.

Que tem isto a ver com a Suécia? Tudo.

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