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13.4.04

O César

O César tem uns sete anos e é dono dum feitio retorcido. Sempre na praia, com uma bola, provocou variadíssimas emoções na miudagem que tentou brincar com ele. Trapaceou, insultou, fez piretes, levou na tromba, bateu, riu-se de malandreco e chorou muito. Estava sempre com uma velhota que parecia ser avó mas era tia. Dele.
Duma vez, atirou a bola para a vegetação da falésia. A bola desapareceu. O César, sacanita, como não tinha ali pai que lhe galgasse escarpas, galgou-as ele. Eu tive medo que caísse e se aleijasse, ainda me levantei. Mas não. Encontrou a bola e olhou em volta zombeteiro. "Filho da puta do catraio!", ri-me eu sozinho. E acenei-lhe. Ele fez-me um manguito imponente, que me reforçou a ideia de dispensabilidade que se apossa de mim, cada vez mais, quando me penso.

Por falar nisso: alguém quererá fazer urgência por mim, amanhã?

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