blog caliente.

8.10.03

Tretas. E alguém que me ajude a explicar isto melhor.

Eu não sou jurista, mas sou médico. Ou seja, até a construção da frase pressupõe qualquer coisa entre o agonismo e o antagonismo. O que é meramente conjuntural, mas traduz passados recentes de difícil digestão. Mas a mente não deve ser um aparelho meramente digestivo, um folhoso cerebral.
Venho aqui humilde. De neura na berma.

Da libertação de Paulo Pedroso, extrai este leigo (sou eu, bolas) o seguinte, assim de esguicho, solicitando as devidas correcções aos seus correligionários de blogue (e a quem quiser blogarnos...):

1 - Há instâncias e umas são superiores às outras.
2 - Isto está assim definido. E, malgré les retards, lá funcionou.
3 - Ou seja, com maiores ou menores consequências, o sistema funciona.
4 - Além disso, ninguém ainda inocentou arguido nenhum, apenas se lhe permite que durma em casa e exerça a sua profissão em vez de estar ali confinado á cadeia.
5 - Há possibilidade de segundas instâncias corrigirem (alterarem?) primeiras instâncias.
6 - Há possibilidade de segundas instâncias cometerem erros, mesmo que seja a corrigir primeiras instâncias.
7 - Como médico (escolhi o numero 7, porque é o do Figo na selecção, do Raul no Real Madrid... no Sporting nem sei... para meter aqui o que me interessa sobremaneira, de forma honesta, contudo!), como médico, dizia eu, apraz-me que a sociedade aceite como NATURAL o meu erro não premeditado, não negligente. O erro que é aceitável desde que eu explique o meu raciocínio, prove que não me baldei, me apliquei. No fundo, que interpretei qualquer caso clínico à luz da informação de que dispunha, actuei de boa fé e de acordo com "o estado da arte",
independentemente de o meu julgamento ter bons ou maus resultados. Que também se acerta à sorte, tanto como se falha a pensar muito. E que mesmo que uma segunda instância (ou uma terceira, a divina até!) me corrija, o faça na suposição plena de que, na minha instância, fiz o que devia ter feito.

Não vou mais longe: o caso da pedofilia pode ser uma lição de civismo, cidadania, tolerância, correcção e lisura para todos nós. Assim saibamos ser humildes e cidadãos. Saber esperar, não sujar, limpar caso sujemos. Mas confiar nos profissionais. Esta palavra, profissionais, aplica-se a médicos, jornalistas, advogados, jogadores da bola, engenheiros, professores, trolhas, metalúrgicos, serralheiros e carpinteiros. Aplica-se, também, às putas. Eu sei. Mas nem sequer ressalvo. Sejamos confiáveis para gerar confiança. Confiemos, para gerar credibilidade. É um caminho.

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