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28.12.06

Esguichos de besugo

Na "Revolta dos Pastéis de Nata", na 2, os convidados eram Bruno Nogueira (o único tipo em Portugal que pode ser usado para exemplificar o que é um fuso horário, numa aula de Geografia, desde que se penteie e não se ponha de lado), Valéria (uma brasileira desgostosa por não ser bem uma actriz, mas que queria bastante ser isso e viver bem disso) e Joaquim Monchique (a Amália de Herman José, basicamente; um tipo com as pulseiras da sobrinha, vá).

O programa é bom, vê-se bem. E não deve ficar caro: há ali talento e o talento costuma ser mal pago até se abichanar.

A dada altura, a brasileira - que se nota que anda revoltada com uma coisa qualquer, ou com várias coisas ao mesmo tempo, com ela também, às tantas - afirma que "há, em Portugal, brasileiros a mais".
O apresentador, um "rabo-torto" (*) de boina (acho-lhe piada, a sério), pede-lhe que esmiúce; e ela lá acaba por dizer - por outras palavras - que "há, em Portugal, brasileiros a mais porque os portugueses acham que há, em Portugal, brasileiros a mais". O que ela disse foi mais ou menos isto, quem viu o programa percebe: ela fala como quem se pune, punindo.

Ela tem razão, não a defendendo com a raiva toda.

Portugal, o que tem, é Monchiques a mais. Bastava uma Monchique, a que vem no mapa. Dispensavam-se todas as outras, sobretudo as que vêm com adereços alugados à sorte tonta, personagens de ficção com cheiro - calculo eu.

(*) - Mimo com que os micaelenses acarinham os terceirenses; estes retribuem-lhes, apelidando os "coriscos" (os micaelenses vistos por si, claro está!) de "japoneses".
Palavra de "picaroto" que isto é tudo verdade.

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