Olá, juventude!
O Alonso diz aí, entre outras coisas, que tem esperança na gente mais nova - não sei a quem se refere, os cinco filhos dele ainda não votam, nem os meus dois, nem o da lolita, nem os dois do stkaneko - sobre aquilo da IVG. E que votassem.Atenção a isto, que é pequeno: o aborto é o resultado da IVG, isso é, mas uma coisa é o acto, outra o resultado. Não se vai referendar o resultado, julgo eu, pelo que a semântica do referendo está correcta: o resultado da IVG pode ser lamentável do ponto de vista visceral e da razão, da moral e da micose intelectual, mesmo das profundezas da tristeza. Mas o que se referenda é a IVG. Não o produto dela.
Referenda-se um direito, talvez se referende um direito contra outro, mas um, o que se referenda, é mais grandioso na vida inteira do mundo inteiro do que o outro, porque o outro é um direito, não são dois.
E o mundo, este mundo onde tudo isto se passa como se fosse fora dele, é grande demais para a semântica; cuido mesmo que este mundo já existia antes dos pecados.
A gente mais nova que eu conheço não me dá nem me retira esperanças nenhumas. Eu não sei de gente nova fora da sua circunstância, nem de mim fora da minha. Não sei, até, de gente "mais nova", só assim, se não é - apenas - esperançosamente mais estúpida.
Não sei se o facto de "gente mais nova" dizer, não sei aonde, que é pelo "não à IVG" , legitima qualquer esperança que se veja, ou que seja mais digna que a falta dela. Nem mesmo a esperança do Alonso, que é legítima, apenas, na abstracção da sua própria esperança.
O Alonso saberá, mais do que eu, o que lhe legitima a esperança e, mais do que a sua esperança, o que lhe legitima o que quer que seja que ele quiser legitimar. Nisso, somos todos mais ou menos iguais. Na quantidade de esperanças e no nosso direito à legitimação delas. Já a qualidade de ambas nos impõe a variável "sabedoria": não vem com a idade? Pois não, mas é só se não puder vir.
Eu, que vi esta noite uma jovem estudante do terceiro ano de medicina, que entrou na faculdade com 18,7 valores, falhar uma pergunta em que se indagava "qual dos três foi o grego conquistador da Pérsia", estando Alexandre nitidamente destacado nas hipóteses de resposta, cismando ela em Ciro, e nele teimando do alto dos seus 18,7 valores de entrada num curso que lhe servirá de trampolim para a neurocirurgia - ela já sabe onde quer servir para pouco ganhando bem, esperta miúda, oxalá não hesite tanto perante um encéfalo ao dispor -, não me sinto assim esperançoso: são nabos falantes, repolhudos de viço e de toleima ignorante, resplandecentes disso tudo, mas nunca me ofuscando.
E não passarão nunca disso, Alonso, sem o tempero das carnes que se doem sempre, na moleza. Sem uma salga competente de invernia. Tu sabes bem disso, para que teimas comigo?
Acresce que, perante alguém mais novo, se impõe sempre que ensinemos. Sempre. Aprendizagem, alonso? Isso é com quem sabe mais que nós. É a nossa vez. Como dizia o MEC, aqui há uns anos, "eles, agora, somos nós". Ele não ensinou grande coisa porque falou sempre como se se guardasse. Problema dele.
Aprende-se com quem sabe mais que nós, independentemente da idade, sim, mas não é disso que estamos a falar aqui, da idade pura e dura: a ir por aí, não tenhas ilusões: a maior parte da gente nova está recessa, seca, já estéril, na sua ânsia de encosto fácil na almofadinha da fogaça fácil do pum-pum seco da pólvora fatelas. Há excepções? Há duzentos milhões delas? Não as vejo, mas se as há, ainda que sejam assim tantas, não lhes vejo a cauda de cometa.
Bolas, isto está fracamante escrito, mas há provérbios acerca das palavras que me arrefecem sempre o rosto, refrescando-o. Como a ti.
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