Mas podia ser.
Pronto. Lá vens tu, Alonso, tentar atirar-nos areia para os olhos.Eu podia responder-te como a esposa do anúncio que passa na TSF, aquela que telefona ao marido a dizer que encontrou a casa ideal para a família, tão boa que até tem jantes de liga leve. Não é uma casa? Mas podia ser!
O Conselho de Estado delibera, sim. O processo de decisão consiste mais ou menos nisto: marca-se uma consulta, o conselho é convocado e reúne, na data e hora marcada. Havendo quorum para deliberar, nomeia-se a Manuela Ferreira Leite secretária (alguém tem de fazer a acta), Marcelo Rebelo de Sousa fala durante cerca de duas horas, Dias Loureiro recebe e faz vários telefonemas, Jorge Sampaio, caloiro, estuda o regimento numa cábula que já vem do tempo do Eanes, João Lobo Antunes é chamado para acompanhar um familiar doente, Sócrates mostra o seu novo Nokia, Cavaco Silva, surpreendentemente, recusa-se a comentar... e Soares dorme.
De tudo isto há-de resultar algo parecido uma decisão colegial sobre a recomendação a dar. Na prática, um dos conselheiros - por turnos, em calendário pré-estabelecido - assume a relação do processo e os outros limitam-se a aderir ao parecer.
Estás a ver? Delibera-se assim. E, no entanto, isso não perturba o sono a ninguém...
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