Tabaco (é um título, pronto)
Alonso:Isso dos olhos, francamente, não entendo. E não entenderia de qualquer maneira. Que raio te incomoda? A lolita escreveu que "bonito vem dos olhos". Eu acho que sim, que vem. Ia quase dizendo "que também vem", que diabo.
Na maior parte das vezes vem.
Depois, é aquela história do albedo de que eu falava ontem (admito que me interesso pelos estudos dos meus filhos e, com isso, recordo, reaprendo, não passa disso): tens uma fonte de energia, que podem ser os olhos; emitem aquela coisa que todos os olhos emitem em proporção variável, chamemos-lhe energia (ou beleza, por que não?), que é o denominador da razão-albedo; depois, ainda, há aquela quantidade de beleza (ou de energia, pronto) que é reflectida por nós, os receptores - é a que não queremos, a que achamos que não é connosco, pronto -, que é variável; e que é o numerador da razão-albedo; e temos pouco mais.
Ah! temos isto, desculpa lá, pá. São duas coisas que me fazem franzir o cenho; mas tu e eu, não sendo companheiros de guerras antigas, somos amigos de há mais de doze dias, por isso tas digo. Até te digo três.
1 - Tu sabes o que penso da paneleiragem; e eu acho que já expliquei que não penso, da paneleiragem, o mesmo que penso dos homossexuais. Os paneleiros são só caricaturas de coisas mais sérias (e nem sequer se limitam a ser caricaturas de homossexuais, são caricaturas de quase tudo o que lhes der na mona), são palhaços. E podem sê-lo, gosto de circo, desde que não me chateiem; e chatear-me é muito difícil (não é como irritar-me, isso é mais fácil e passa-me logo). Posto isto, diz lá, claramente, o que te fez escrever isto: "...Homem que é Homem pode dizer dos olhos de outro homem muita coisa, mas não diz que são bonitos" . Alonso: um homem pode, como uma mulher pode, dizer o que quiser dos olhos que quiser. Não pode? E nem sequer foi dito que os olhos de ninguém eram bonitos, disse-se ali que "bonito vem dos olhos".
Ora relê, regula lá isso para o teu albedo mínimo.
2 - "... com a conivência do besugo, que ante a lolita ou murmura coisas incompreensíveis ou se limita a dizer sim, com a cabeça, não vá ela chatear-se". Isto disseste tu, Alonso, em dia de almoço tardio - sim, que eu sei da tua vida, pá!, comes coisas que te fazem mal e dá nisto. Ora bem: isto de conivências é tramado. Por um acaso que eu acho mais estranho que a própria cronologia das marés - e ela é bem simples para qualquer pescador - somos os três, a lolita, tu e eu, que eu saiba, coniventes numa causa. Isto é raríssimo. Portanto, não me acuses de murmurar coisas incompreensíveis: podem ser incompreensíveis mas são ditas alto. Nem de me limitar a dizer que sim, animal, que eu posso dizer que sim, ser limitado, mas nunca fiz as duas coisas ao mesmo tempo.
3 - Sou teu amigo, por isso vai-te lixar. Fuma, que te faz mal. Devíamos deixar este vício, sabes? Eu pago-te um maço de cigarros - lá está, sou teu amigo - se precisares, que não precisas, mas devíamos parar com ele. E a lolita também.
Última nota:
Eu acho que tu não tens um albedo elevado, porque te conheço e sei muito bem da tua capacidade de absorção. Tu tens é medo de absorver em demasia, porque achas que já absorveste tanto que possa não caber aí quase mais nada. E, às tantas, ainda cabe.
Tungas.
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