blog caliente.

23.1.06

albedos, orfandades e assaltos

E pronto. Segue sumário de análise (análises a sério deixo para os profissionais da coisa):
1 - O Cavaco ganhou;
2 - O Alegre demonstrou que, reunindo-se determinados pressupostos, é possível levar a democracia para lá da partidocracia; Nisso ganhou. No resto, assiste-lhe a amargura própria de quem chegou "quase lá";
3 - O Soares esteve tão cortez na derrota como ressabiado na campanha. Quanto ao Cavaco, porque no que respeita ao Alegre, o ressabiamento manteve-se;
4 - O Jerónimo ganhou a "sua" guerra político-partidária;
5 - O Louçã perdeu-a.
6 - O Sócrates foi igual a ele mesmo. E o que ontem se passou demonstra bem como um produto televisivo sabe usar a televisão para calar alguém;

Dito isto, só mais duas coisas, em tom apaziguador para que não se instale neste blog a guerra civil:

1 - do albedo - o besugo falou do meu albedo. Eu quero dizer isto: as minhas capacidades, quer de absorção, quer de reflexão, do que me rodeia depende directamente da qualidade, não da quantidade, da luz que é emitida. O problema não está, portanto, no albedo em si mesmo, mas na autodeterminação que me assiste no simples acto de aferir dessa qualidade. é o binómio razão-albedo, mas desta vez colocado do lado do receptor.

2 - da orfandade - lolita, eu entre outras coisas sou, também*, teimoso. Mas não falo do convencimento da esquerda (de que é moralmente superior) por razão estratégica ou vitimizadora. Falo porque esse convencimento existe, e basta saber ler e saber ouvir para se perceber que é assim. E se isto é vitimizador, então é da própria esquerda. Porque foi por isso que o Cavaco teve bem mais do que os 0,6% que lhe chegaram para ganhar. Foi porque foi pessoalmente "destratado", por todos menos pelo Alegre.

Eu disse-o, mas se calhar não fui claro. A forma como o Soares, o Jerónimo e o Louçã atacaram pessoalmente o Cavaco ao longo da campanha, deram votos a este. Vindos de eleitores que votaram PS nas últimas legislativas. E eu sei, porque ouço atentamente "conversas de café" (sempre um precioso indicador do que "se passa", convém aí reduzir o albedo ao mínimo), e porque ouvi muita gente a "reclamar" de o Cavaco andar a ser "o bombo da festa" na campanha.

Quanto à orfandade da direita, tens meia-razão. Mas isso era tema para mais uns quarenta parágrafos, que nem eu tenho paciência para escrever, nem tu tens paciência para ler.

Finalmente, isso de eu ter assaltado em 75 um escritório em Lisboa a meias com o Garcia Pereira é uma calúnia, por dois motivos:

a) em 75 eu tinha 11 anos;

b) em 75 eu assaltei foi uma sede do PCP, onde queimei os arquivos da PIDE que estes, por sua vez, tinham roubado no assalto à António Maria Cardoso. Tudo para que não se soubesse que eu tinha sido informador ainda antes de nascer.

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