Fiquem bem
Sinto a falta dos meus dois filhos. Eu sei que isto só tem interesse para mim e, ainda por cima, é banal: toda a gente sente a falta dos filhos. Devia ser proibido, a qualquer homem que se sentisse enternecido numa "pequena dor" qualquer, escrever sobre ela. Porque sai sempre uma ninharia entre o dorido e o apanascado, que apetece apagar no dia seguinte.Mas eu não consigo, merda. Dotado que sou para a ninharia, em permanência, quero que se foda quem achar isto, ainda por cima, mariquice. Escrevo.
São os meus meninos, sabem? Os que eu quero que vivam muitos anos e bons, depois de mim, que é para a minha vida ter algum sentido, vista daqui e vista depois, por eles. Senão, não tem interesse nenhum, não vale a pena. Não é por eles serem meus filhos, é por serem filhos. Isto é verdade para os filhos todos e para os pais todos. E mesmo para quem, não tendo filhos, vê os filhos dos outros como um prolongamento incidental de si.
Claro que eles não lêem estas merdas que o pai escreve, até porque este execrável besugo exagera nos palavrões, não poucas vezes. Não, isto é uma lamechice só para mim. Se eles pudessem ler, acreditem, nunca escreveria isto. Nem outras coisas de que, às vezes, me arrependo.
Desculpem, os que lerem tudo, mas é que eles são tão pequeninos! Quando estão longe de nós parecem sempre mais pequeninos e vulneráveis. Não é? E parece que nos aprofundam ainda mais os sulcos descaídos do rosto, antecipando o miserável e inevitável dia em que não os veremos mais.
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