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14.6.05

Os resíduos da cintura industrial

Num país em que tudo é tão morno, ninguém acredita que os fedelhos que se dizem racistas se tenham tornado racistas por trauma profundo, causado por arrastões ou arrastinhos de bairro. Também ninguém acredita que num país, como este, que se arrasta ao sabor do tempo, esses mesmos fedelhos sejam, afinal, ideólogos da pureza da raça, defensores convictos da eugenia purificadora ou, até, seguidores fervorosos do Mein Kampf, cujos princípios desenvolveram em inspiradas teses de investigação académica.

Neste país morno também há desses fedelhos, que serão sempre fedelhos irredutíveis, na puberdade como na andropausa. Ninguém percebe ao que vêm nem ninguém se interessa por aquilo que querem. Nem eles próprios, subprodutos de vivências frustrantes em que o Clerasil marcou tanta presença que, com o tempo, se lhes implantou nas massas cinzentas, já de si pouco estruturadas. Dizem-se xenófobos com a mesma convicção com que que afirmam que a SIC Radical é bués e sentem-se corajosos por conseguir dizer, em frente a uma câmara de televisão, que os pretos devem voltar para a terra deles. Com um pormenor, afinal, definidor: não mostram a belíssima fuça.

São feios, têm mau ar, são muito feios. Na alma, então, são inomináveis.

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