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3.3.05

Mystic Church (ponham o Sean, mas não me lixem!)

Ao contrário do que disse Judite de Sousa, o Papa não foi operado a uma traqueostomia. Fizeram-lhe uma, porque está doente. Muito doente.
O importante não é isto. O importante nem sequer é, do ponto de vista de quem está de fora, por que lha fizeram.
O importante é ter lucidez para perceber que a digna agonia do Papa, que tem a dignidade de todas as agonias, se for utilizada pela Igreja Católica como arma de arremesso para quem quer (e eu quero) discutir o direito de morrermos com a dignidade que escolhermos, é uma agonia cuja dignidade se esgota, a ser assim, na dignidade da agonia do Papa.

É uma agonia digna, mas não se constitui num exemplo mais digno que a agonia de Ramón Sampedro.
Não me venham com mais este truque de argumentar com contra-exemplos, que isso chateia-me. Detesto discussões de empatas, discussões de "ai sim? mas tu também!...".

É de escolhas, da sua legitimidade, que aqui se trata. Não é de filmes com música bonita, enfeitados de cadáveres, todos de beleza igual na morte, a natural e a escolhida.

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