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22.9.04

A utilidade da vida

É difícil entender que espécie de ponderação de valores conduz alguém que, sem ceder a exigências de raptores, condena um homem a uma morte tão dolorosa como absurda. Um homem temporariamente poderoso, como Blair, há-de pensar que a morte de um inocente às mãos ensandecidas de uns quantos terroristas não é suficientemente relevante para que, querendo evitá-la, tenha de libertar outros homens que, apesar de saberem que o seu destino depende de outros homens poderosos, não correm risco de morrer.

O engenheiro britânico de sessenta e dois anos que hoje implorou ajuda a Blair, com o despudorado desespero que só se veria a quem, abandonado a si próprio, já perdeu o rumo da vida, nada tem a ver com os prisioneiros de Bush e já foi testemunha antecipada da sua própria morte, ao ver morrer os outros dois reféns. Pobre é este país, a Great Great-Britain que, não salvando uma vida útil, escolhe positivamente assistir a uma morte inútil. Uma nação que não salva os seus suicida-se, lenta e covardemente. E o engenheiro britânico será esquecido em pouco tempo e nunca terá a glória de ter sido um mártir.

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