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7.1.06

Dores pequeninas

Não é segredo para ninguém que os meus dois filhos jogam andebol (e bem, note-se; não são os craques do clube, mas são bons, são ambos pivots titulares das suas equipas, nos respectivos escalões etários: iniciados e juvenis).

Amanhã, o mais novo (o iniciado) vai jogar a Braga, com o ABC. O ABC é par, em termos de importância relativa, do Sporting, do Benfica e do Porto, no andebol. Muitas vezes é (ou foi) melhor que eles. E, hoje, o rapazinho estava nervoso, carregado de electricidade. Nunca ganharam ao ABC (e, aqui entre nós, não deve ser amanhã a véspera desse dia glorioso) e ele mal conseguia conciliar o sono. Pela excitação do confronto, pela viagem (que é feita numa carrinha praticamente neolítica), pela hora quase vespertina (tem de se levantar às seis e meia da manhã) e por um misto de vontade de ganhar (porque era lindo) e desejo de perder (para não ter se colocar muitas questões sobre as suas vassalagens habituais aos verdadeiramente bons). Eles conhecem-se, já têm as suas amizades e até o Carlos Galambas (que é um bom pivot internacional que todos os miúdos andebolistas se habituaram a admirar no ABC e na selecção, e que agora joga no Madeira SAD) lhes vende as sapatilhas de marca... o ABC é como se fosse o tecto do pavilhão dos meus filhos, quando se equipam.

Eu disse-lhe que não se aleijasse (o irmão está no estaleiro desportivo, com uma entorse), que dormisse bem e que jogasse o que sabe. Ele e os outros. Provavelmente vai perder, os outros são melhores, mas eu só quero que o meu filho ande feliz a fazer o que gosta. O único resultado que me interessa, na vida do meu filho, é o contentamento dele. Não é que se magoe a tentar contrariar evidências, ou a vigarizar o destino. É que tente fazê-lo sem se magoar.

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