Bons conselhos sobre livros (e para acabar com a série interminável dos foibocê do besugo)
Fiquei ontem a saber que, nos últimos minutos do Eixo do Mal, se pede aos comentadores que aconselhem/informem/dediquem um ou mais livros ao telespectador. A Maria Filomena Mónica e a Clara Ferreira Alves, espertas, aconselharam Amos Oz e Alan Bennett (o adversário mais directo do laureado Harold Pinter), a primeira, e uma colectânea de poemas de Luis Miguel Cintra, a segunda. Atentas, portanto, às tendências da estação. Limpinho. Está despachado.Daniel Oliveira surpreendeu, ao aconselhar duas ou três obras de Amin Maalouf, alertando desde logo, enfim, para o facto de nenhuma delas ser recente, uma vez que se trata de publicações que têm, pelo menos, um ano. Uma delas era "As Cruzadas vistas pelos Árabes", (que eu também recomendo e que, aliás, tem acompanhado as noites de insónia do besugo, que resolveu aprofundar o seu saber acerca da Tripolitânia e dos Franj). Excelente escolha. Mas o livro em questão saiu em 1983 e o que o Daniel devia querer dizer, se calhar, é que o tem em casa há um ano. Não se espera, sequer, que o tenha lido, que eles nunca os lêem (como o MRS, que semanalmente aconselha até a 44ª edição da Cozinha Tradicional Portuguesa). E ia melhor se tivesse calado aquelas banalidades sobre um escritor que "aborda duas culturas" (supõe-se que se referia à cultura "ocidental" e à cultura "não ocidental").
Afinal, o Daniel Oliveira deve conhecer o livro há um ano, mais mês, menos mês. O que não é o mesmo que o livro ter, como tem, um passado maior do que a memória do Daniel Oliveira.
Piaget explica muito bem este tipo de fenómenos.
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